A Cabine Telefónica do Largo do Saltão
- Jorge Monteiro
- há 18 horas
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Houve um tempo em que comunicar à distância era um verdadeiro ritual. Antes dos telemóveis, antes até de muitos lares terem telefone fixo, as cabines telefónicas públicas a moedas eram portas abertas para o resto do mundo. Eram pequenas cápsulas de comunicação espalhadas pelas aldeias, vilas e cidades, e desempenhavam um papel social e comunitário que hoje, na era digital, quase parece difícil imaginar.
No Largo do Saltão, em Santana, existia uma dessas cabines que marcou, durante décadas, a vida de quem ali morava. Para muitos habitantes, aquela cabine era o único meio disponível para dar notícias a familiares, contactar serviços importantes ou simplesmente dizer “cheguei bem”. Era um ponto de passagem quase obrigatório, um elemento discreto mas fundamental no quotidiano da comunidade.
Dentro da cabine, o mundo ganhava outra dimensão. O tilintar das moedas, o som metálico dos botões e o eco característico das vozes, criavam um ambiente único. Ali se faziam chamadas urgentes, se partilhavam alegrias e tristezas, e se mantinham laços que a distância não conseguia quebrar. Para quem não tinha telefone em casa, e eram muitos, a cabine representava autonomia, acesso à informação e até segurança.
Mais do que um simples equipamento público, aquela cabine do Largo do Saltão era também um ponto de encontro social. Quem ali passava sabia que, em caso de necessidade, encontraria sempre um meio de comunicação ao seu alcance. Era um equipamento útil e, para a época, um claro símbolo de modernidade.
Com a chegada dos telemóveis e da internet, estas cabines perderam o protagonismo e acabaram, muitas vezes, abandonadas ou removidas. Contudo, a memória da cabine de Santana permanece viva na lembrança de quem cresceu ou viveu na freguesia. Relembra-nos que houve um tempo em que comunicar exigia mais do que carregar num botão, exigia presença, intenção, partilha e até algum planeamento.


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