"Acordo" | Seguro mútuo para animais de trabalho

Nas aldeias portuguesas, especialmente entre os séculos XIX e XX, existia uma prática local muito antiga de seguro mútuo para animais de trabalho, popularmente designada por "Rol", "Louvados" ou "Acordo".

O Acordo (designação utilizada em Santana), era um sistema de mutualismo rural, onde os camponeses se organizavam informalmente para proteger-se de perdas imprevistas — como a morte, quedas ou doenças graves de animais (vacas, porcos, etc.). Estes organismos, eram constituídos habitualmente por três a quatro membros, que realizavam as avaliações aos animais. Normalmente faziam duas inspeções anuais (em geral em janeiro e agosto), para avaliar o valor de cada animal. Os membros pagavam uma taxa — cerca de 1% do valor do animal ou um mínimo fixo, como 10 escudos — que formava um fundo comum.

Quando um animal estava doente, acidentado ou morria, o fundo era utilizado para indemnizar o proprietário -exceto nos casos de velhice. O fundo ainda cobria despesas veterinárias e o enterro do animal.

Em resumo, o "Acordo" era um seguro mútuo informal entre vizinhos, sem regulação estatal, mas com regras claras: taxas periódicas, inspeções, fundo coletivo, e indemnização em caso de sinistro; Subordinado à lógica de solidariedade e interconhecimento comum nas comunidades rurais mais pequenas; Este modelo de mutualismo local foi vital para proteger economias familiares de subsistência contra perdas inesperadas.

Em Santana, as reuniões dos membros do Acordo e respetivas inspeções dos animais eram realizadas no pátio existente entre os estabelecimentos comerciais do Sr. Augusto (mercearia) e do Sr. Sansana (talho/aviário), isto é, na atual Praceta 1º de Fevereiro.

Texto: adaptado do site https://historiadoseguro.com/