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As Peixeiras de Santana

Na aldeia de Santana a venda ambulante de peixe foi, durante muitos anos, uma atividade essencial no quotidiano da população. Este papel foi desempenhado maioritariamente por mulheres, as quais de forma incansável, percorriam as ruas a pé, com carrinhos de mão carregados de peixe fresco, vendendo-o porta a porta.

O peixe era comprado na lota da Figueira da Foz, muitas vezes ainda de madrugada, e, já em Santana, preparava-se o carrinho para iniciar a sua volta pelas casas da aldeia. O peixe mais comum era o da costa: sardinha, carapau, faneca, cavala ou, em dias melhores, polvo e lulas. A venda era feita diretamente à porta de cada morador, sem bancas, sem mercado fixo - apenas com a força do corpo, o andar firme e a voz que anunciava a chegada do peixe fresco.

Trata-se de um ofício que exigia esforço físico, resistência e uma enorme dedicação. Estas mulheres trabalhavam com sol ou com chuva, conhecendo todas as ruas e todos os rostos da aldeia. Muitas vezes vendiam a crédito, confiando na palavra das pessoas. A relação com os fregueses era de proximidade e respeito: sabiam quem gostava de peixe mais pequeno, quem tinha mais filhos, quem podia pagar já e quem precisava de esperar pelo fim do mês.

A venda ambulante de peixe em Santana não era apenas uma atividade comercial, mas também social. As peixeiras levavam conversa, davam notícias e ajudavam a manter vivo o espírito de comunidade. Eram figuras queridas, conhecidas por todos, e o seu trabalho fazia parte da rotina diária dos habitantes da aldeia.

Com o passar do tempo, a tradicional venda porta a porta feita a pé com carrinho de mão deu lugar a uma nova forma de venda ambulante: as carrinhas com caixas térmicas. Esta modernização trouxe benefícios evidentes tanto para as vendedoras como para os compradores. Para quem vende, o uso da carrinha permitiu transportar maiores quantidades de peixe com menor esforço físico, além de garantir melhores condições de higiene e conservação. Para os fregueses, tornou-se possível ter acesso a uma maior variedade de peixe, mais fresco e em melhores condições, mantendo-se ainda o conforto e a comodidade da venda porta a porta. Embora a relação próxima entre peixeira e cliente se tenha mantido, esta evolução marcou uma adaptação bem-sucedida às exigências dos tempos modernos, sem perder o espírito comunitário que sempre caracterizou esta prática em Santana.

Em resumo, a memória dessas mulheres, que com simplicidade e esforço garantiram o peixe fresco nas mesas da aldeia, continua viva entre os que as conheceram. A importância da venda ambulante de peixe em Santana reside precisamente nessa ligação direta entre quem vendia e quem comprava, entre vizinhos, entre pessoas que se conheciam. É uma herança de trabalho, entreajuda e proximidade que faz parte da história e da identidade da aldeia.





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Elsa Figueiredo (comentário na página Santana/Fig.Foz Facebook):

"A minha avó materna ti Madalena"

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Carlos Matos (comentário na página Santana/Fig.Foz Facebook): Descendente de peixeiros, também me calhou a tarefa da distribuição do peixe, primeiro de bicicleta e depois de motorizada (sem carta, não digam nada a ninguém). Reforço o carácter social desta atividade, destacando a amizade que se conquistava à generalidade das freguesas, muitas delas já não fazendo parte do reino dos vivos... mas sempre presentes! Tempos da "meia dúzia de 7" ou "dúzia de 13".

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Carlos Matos (comentário na página Santana/Fig.Foz Facebook):

"Também costumava dizer, relativamente a um peixe pequeno: " com um pão de quilo já dá para o almoço"!"

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António Manuel Gil (comentário na página Santana/Fig.Foz Facebook):

"Muitos foram os peixeiros de qualidade e de prestígio, que ao longo de décadas serviram os habitantes da nossa terra. Mas o mais brilhante e fabuloso, de todos, foi sem dúvida, o saudoso Guilherme " Pretinho ", pois contava estórias e anedotas que eram de morrer a rir ! "

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Adalberto Fernando Marques Figueiredo (comentário na página Santana/Fig.Foz Facebook):

"Antes dos carrinhos de mão, a Maria do pé curto, nome que era apelidada em Santana, vinha no comboio das 10.20, que vinha da Figueira para Santana, e ia com uma cesta à cabeça, vender o pescado que trazia. Ía a pé até à Ferreira, e depois vinha por Santana vender o sobrante, para ir novamente para a Figueira, no próximo comboio."

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