Banda dos Bombeiros Voluntários de Bretten-Neibsheim (Alemanha)
- Jorge Monteiro
- 9 de mar. de 2022
- 2 min de leitura
Atualizado: 26 de jul.
Num tempo em que a aldeia de Santana já cultivava com orgulho o seu espírito associativo, o mês de junho do ano 2000 ficou marcado por um momento raro e simbólico: a atuação de um grupo estrangeiro, pela primeira vez na memória recente da comunidade.
O concerto foi protagonizado pela Banda dos Bombeiros Voluntários de Bretten-Neibsheim, oriunda da região de Baden-Württemberg, na Alemanha. A formação era o resultado da fusão recente entre duas bandas filarmónicas distintas: a de Neibsheim, com origens no associativismo musical local do século XIX, e a de Gochsheim, vila vizinha com tradição própria no ensino e prática da música popular e instrumental. Ambas as bandas mantinham, à semelhança de muitas congéneres alemãs, uma ligação estreita aos corpos de bombeiros voluntários, desempenhando um papel relevante na dinamização cultural das respetivas comunidades. A sua união, que deu origem à atual formação, representava não só um reforço artístico, mas também um gesto de coesão e colaboração entre localidades irmãs.
Esta atuação em Santana foi o reflexo de um intercâmbio cultural cuidadosamente preparado, no espírito de amizade entre povos, com a música como linguagem comum. A visita da banda integrou-se num movimento de aproximação europeia que, na viragem do milénio, ganhava expressão não apenas nos centros urbanos, mas também nas comunidades mais pequenas, desejosas de abrir portas ao mundo e partilhar as suas tradições com outras culturas.
Durante a sua estada, os músicos alemães foram acolhidos calorosamente pela população local, num verdadeiro exemplo de hospitalidade associativa. Entre refeições partilhadas, momentos de convívio e visitas guiadas aos arredores, houve também espaço para trocas simbólicas de lembranças - desde pequenas ofertas artesanais até à entrega de insígnias associativas. Em muitos rostos, viam-se sorrisos de curiosidade e amizade, mesmo onde as palavras falhavam e o idioma se tornava barreira. Era o espírito do encontro que falava mais alto.
O concerto foi recebido com entusiasmo. A atuação revelou a qualidade técnica do grupo e o seu compromisso com a missão cultural que transportavam. Foi mais do que um espetáculo musical: foi um gesto de aproximação, de partilha e de confiança mútua entre comunidades.
A presença da Banda de Bretten-Neibsheim permanece ainda hoje como um marco na história recente de Santana - um testemunho de como, mesmo a partir de pequenas localidades, se pode viver o ideal europeu de fraternidade, cooperação e cultura partilhada. Ficou provado que a música, quando feita com alma e espírito associativo, ultrapassa fronteiras e aproxima corações.


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