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Júlia Mateus

Recordações da Ti Júlia Mateus e da Rota dos Ovos na Aldeia de Santana


Nas décadas de 70 e 80, a aldeia de Santana vivia ao ritmo tranquilo da vida rural, marcado pelos sons do campo, pela entreajuda entre vizinhos e pelas pequenas rotinas que uniam a comunidade.

Quase todas as famílias tinham algumas galinhas no quintal e a recolha dos ovos era parte natural das tarefas diárias. Guardavam-se os que a família precisava e, os que sobravam, eram cuidadosamente arrumados para vender à Ti Júlia Mateus, figura incontornável da aldeia.

A Ti Júlia percorria as ruas com o seu carrinho, batendo a cada porta onde sabia que havia ovos para vender. A sua chegada não era apenas comercial, era também social. Trazia novidades, trocava histórias, partilhava preocupações e, acima de tudo, garantia um rendimento que, embora modesto, era seguro e regular. Já trazia o preço estabelecido, pois conhecia bem o valor que depois receberia da pessoa a quem os revendia. Tudo funcionava numa lógica simples, transparente e baseada na confiança.

Para a Ti Júlia, esta atividade era um sustento fundamental. Sabia que podia contar com as famílias da aldeia, tal como elas contavam com o seu pagamento certo.

Para as famílias, vender ovos era uma forma de aproveitar o que a terra e os animais davam, acrescentando um contributo ao orçamento doméstico. A quantia não era grande, mas fazia diferença: ajudava a comprar café, açúcar, sabão ou outros bens essenciais que não se produziam em casa.

Hoje, recordar a Ti Júlia Mateus é lembrar uma época de simplicidade e entreajuda. A rota dos ovos, feita porta a porta, não era apenas uma transação comercial, era um elo comunitário, uma rotina que unia vizinhos e reforçava o sentido de pertença. Esses pequenos gestos, vividos no quotidiano de Santana, continuam a fazer parte da memória coletiva de quem lá cresceu e viveu.

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