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Mobiliário Escolar | Estado Novo Portugal

Durante o regime do Estado Novo em Portugal, que vigorou de 1933 a 1974, o mobiliário escolar refletia os valores de disciplina, ordem e simplicidade que caracterizavam o sistema educativo da época. As salas de aula das escolas primárias públicas estavam equipadas com mobiliário padronizado, austero e funcional, desenhado para acomodar grandes grupos de alunos de forma organizada e controlada.

O elemento mais característico era a carteira de madeira corrida, geralmente feita em pinho ou castanho, que podia acomodar dois alunos lado a lado. A carteira tinha uma superfície inclinada, com um sulco para lápis e um orifício circular no canto superior direito, destinado a um tinteiro de porcelana ou vidro, onde os alunos mergulhavam a pena para escrever. Por baixo da superfície da carteira, havia um compartimento aberto onde se guardavam os cadernos e livros escolares.

As carteiras estavam muitas vezes fixas ao chão e ligadas diretamente ao assento corrido, igualmente em madeira, sem encosto ou, mais tarde, com encosto reto. Este tipo de estrutura promovia a postura ereta e evitava o movimento excessivo dos alunos, reforçando a disciplina e o controlo na sala de aula.

Na frente da sala encontrava-se a secretária do professor, geralmente de madeira maciça e ligeiramente elevada em relação ao resto da sala. Era acompanhada por uma cadeira de encosto alto, também em madeira, e frequentemente posicionada sobre uma pequena plataforma, conferindo maior autoridade ao professor. Atrás da secretária, via-se frequentemente um quadro de ardósia e, numa das paredes, o retrato oficial de Salazar (ou, mais tarde, Américo Tomás), reforçando o simbolismo político do regime.

Outros elementos complementares incluíam cabides de parede para os casacos, mapas políticos e físicos de Portugal e do mundo (com destaque para as colónias), e ocasionalmente globos terrestres ou réguas métricas em madeira.

Este mobiliário, robusto e durável, foi desenhado para resistir ao uso prolongado e refletia os princípios pedagógicos da época: memorização, silêncio, respeito pela hierarquia e nacionalismo. Embora funcional, o ambiente era muitas vezes frio e impessoal, contribuindo para uma educação rígida e uniformizada.

Hoje, este mobiliário é frequentemente encontrado em museus escolares, feiras de antiguidades ou integrado em exposições sobre o ensino em Portugal no século XX, sendo símbolo de uma época marcante da história da educação nacional.

Quem frequentou a Escola Primária de Santana, no período de tempo acima indicado, recorda-se certamente deste tipo de mobiliário e do ambiente da sala de aula.



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