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O Luxemburgo Português

Atualizado: 28 de ago.

A estória que a seguir se conta baseia-se em factos e acontecimentos reais, passados entre os dias 13 e 19 de Abril do ano 2000.

Protagonistas: a comitiva da Santana, que incluiu a Banda da Sociedade Musical Santanense que se deslocou ao Luxemburgo e os emigrantes residentes naquele país, cada vez mais português.

É uma estória que se conta em 3 episódios: a ida; a estadia; o regresso.

A ideia: neste país distante, onde em cada esquina se fala português, surgiu a ideia para o título deste livro - O Luxemburgo Português.


A Ida:

Naquele dia 13 de Abril de 2000 a alvorada madrugou.

Começavam os preparativos de uma deslocação que todos sabiam longa e cansativa.

As cinco horas marcadas para a largada aproximavam-se, o que veio a acontecer só hora e meia depois. Os dois autocarros fretados levavam uma comitiva de mais de 100 pessoas com destino ao Luxemburgo.

Quando os motoristas ligaram a chave da ignição, a ansiedade era grande para os que partiam e para os que ficavam, num adeus simultâneo de familiares e amigos.

Santana ficava para trás. Pela frente haviam mais de dois mil quilómetros para percorrer. Chegámos a Vilar Formoso. Entrámos em Espanha com paragem para aconchegar o estômago na primeira refeição da manhã. Com muitos quilómetros para percorrer, algures em Espanha, nova paragem para as inevitáveis necessidades fisiológicas.

A fronteira de França foi atingida. Com os Pireneus bem lá no alto, uma longa descida era como que o primeiro cartão de visita do imenso país de Pompidou e Mitterrand.

Já bem dentro de França era notório o cansaço dos excursionistas, que as músicas do Marante e do Quim Barreiros procuravam disfarçar, algumas vezes com resultados outras nem por isso.

Com trinta horas de viagem, chegámos à fronteira de Dudelange.

Uma pequena receção esperava a comitiva de Santana, conterrâneos e amigos, liderados por José Augusto Trovão Correia, dava as boas vindas.

Chegámos!

Primeiros abraços e as perguntas de circunstância. A primeira refeição já em terras luxemburguesas foi como um tónico de adaptação à realidade local e à entrada no desconhecido.

José Trovão começou então a desempenhar o papel de "bombeiro voluntário", sempre solicito e prestável, bem secundado pelos restantes membros da comissão organizadora da deslocação da Banda da Sociedade Musical Santanense, os senhores: Uriel Rodrigues Caceiro (Santana); José Grou Cação (Santana); Arménio Cardoso (Santana); António Parreira (Santana); Manuel Filipe (Santo Amaro da Boiça); António Casimiro (Santo Amaro da Boiça).


A Estadia:

Era sexta-feira, dia 14 de abril. A tarde estava cinzenta e a chuva miudinha que caía não evitou que se visitasse um local extraordinário - o Cemitério dos Americanos - onde milhares de corpos estão sepultados por sucumbirem aos horrores dos nazis.

Ao fim da tarde deu-se o esperado encontro.

Familiares e amigos reuniram-se e confraternizaram num ambiente de excelente convívio. Mas a noite era esperada com grande desejo, pois permitia aos excursionistas a reparação do seu sono, em consequência de duas noites mal dormidas.

A manhã de sábado, dia 15 de Abril, foi preenchida na Rádio Latina, no programa Painel Associativo, da responsabilidade do realizador Carlos Manuel, onde participaram José Augusto Trovão Correia em representação da comissão organizadora, Jorge Lopes presidente da direção da Sociedade Musical Santanense e o maestro da Banda da SMS Francisco Manuel Relva Pereira.

Pelas 16 horas assistiu-se ao brilhante concerto da Banda da SMS na Place D'Armes. Fortes e vibrantes aplausos ecoavam sob aquela majestosa Praça, através de um público que nunca arredou pé, pese embora a chuva que caía, a querer demonstrar que também queria assistir ao concerto.

Nos presentes notavam-se muitos habitantes do continente asiático, que aplaudiram e fotografaram. A atuação terminou com a Banda a tocar o Hino Nacional Português.

Ainda no sábado, a atuação no Centro Cultural de Cessange, foi mais uma prova das altas capacidades de uma Banda constituída por gente jovem mas já com uma maduração que "obriga" aos aplausos de quem assiste aos seus concertos.

A presença e a atuação da Orquestra Ligeira, liderada por António Matias, no mesmo Centro Cultural, foi outra obra de arte que Santana levou aos seus emigrantes daquele país bonito e asseado e cada vez mais português

A Missa de Domingo de Ramos: o dia 16 de abril amanheceu com um sol radioso, que convidava a que as pessoas saíssem de casa. O compromisso da Banda da SMS situava-se na Missa de Ramos rezada pelo Padre Belmiro Narino, que se realizou na Igreja de Sandweiler. Igreja cheia de fiéis. Muitos ramos que justificavam o dia que se celebrava. Uma pequena atuação no átrio da Igreja serviu de aperitivo para o almoço na sede da União Cooperativa do Luxemburgo, oferecido pela direção daquela simpática coletividade, onde colaboraram ainda diversas senhoras, mormente na confeção de bolos e outros doces.

Após a opípara refeição, e com a sala literalmente repleta de um público desejoso de aplaudir a banda da sua terra, do seu concelho ou do seu país, a qual correspondeu como se esperava a esse desejo e a esse sentimento.

As lições de Relva Pereira: mostrou uma vez mais o seu poder de liderança e de homem inteligente. Aproveitou o último concerto, e no fim de cada peça tocada, para explicar e responder às perguntas da plateia sobre as diversas funções dos instrumentos e qual a sua origem, tudo isto em linguagem fácil e entendível. Foi uma lição sobre a história da música que a todos agradou.

Os discursos - A troca de lembranças - Os parabéns: No discurso de cada interveniente ficou bem vincado a alegria da nossa presença, as saudades e o modo principesco como a caravana foi recebida.

Com toda a naturalidade, a troca de lembranças foi um momento de exteriorização, sublinhado com muitas palmas.

Da SMS José Trovão recebeu uma salva de prata e a União Cooperativa do Luxemburgo recebeu uma medalha do centenário, uma cassete e um CD (primeiro trabalho áudio da Banda, com o título "Notas Confusas").

José Trovão recebeu ainda a medalha da Junta de Freguesia de Santana.

Para além do almoço, a direção da União Cooperativa do Luxemburgo ofereceu à sua congénere um galhardete e um troféu. Também os irmãos Carlos e Luís Trovão ofereceram à Banda da SMS uma bonita e significativa peça artística.

Nesta tarde de alegria e de confraternização, a alguns emigrantes a Banda da SMS tocou os "Parabéns", já que se comemorava a passagem de mais um ano natalício ou a passagem de mais um ano matrimonial.

A dádiva dos emigrantes: já se deu conta dos nomes da comissão organizadora no Luxemburgo, que para além do prazer e da alegria da nossa presença, a comissão ultrapassou todas as expetativas e previsões. Fez um peditório pelos emigrantes radicados no país, que somou a bonita quantia de 1.044 contos, contabilizados em dinheiro português e já entregues à direção da S.M.Santanense.

Carlos Trovão: trabalhando na sombra, mas auxiliando a comissão, Carlos Trovão foi um elemento inexcedível, no trato, na amizade e em tudo o que fez para nos sentirmos bem. OBRIGADO.

O último dia: o dia 17 de Abril foi aproveitado para um passeio pelos belos e característicos lugares do país, para as inevitáveis compras para os familiares e amigos e ainda para o convívio num almoço tipicamente português.

Uns aproveitaram também para pisar solo belga e alemão, outros quedando-se a apreciar as belezas naturais de um pequeno país, que é grande na sua forma de viver e na riqueza dos seus recursos.

A última noite: distribuídos por várias casas de amigos e familiares, onde pernoitaram durante a estadia no Luxemburgo, a última noite serviu para fazer as malas e procurar dormir um pouco mais à pressa, porque, também aqui, a alvorada chegou cedo e às 5h30 do dia 18 de abril deu-se início ao regresso, com vários conterrâneos a desejar boa viagem.


O Regresso:

Viagem direta a Paris (cidade luz), onde se destaca a imponência dos seus monumentos, o movimento citadino e grandeza de tudo o que se viu.

Torre Eiffel, Arco do Triunfo, Museu do Louvre e tantas outras edificações, ficam por certo na memória de todos estes momentos aqui vividos.

Já em Espanha, uma rápida visita ao Centro Histórico de Salamanca pôs termo à primeira internacionalização da Banda da SMS e, quiçá, também à primeira deslocação da maioria dos excursionistas ao estrangeiro.

A autarquia: a autarquia de Santana também esteve presente nesta deslocação, na pessoa do seu presidente António Saraiva Figueiredo, o que contribuiu para o reforço representativo da comitiva de Santana.

Dia 19 de abril: na receção na sede da Junta de Freguesia, aquando da chegada, foi considerada pelo autarca um marco histórico esta deslocação ao estrangeiro, sendo a Banda da SMS um digno representante de Santana e do concelho da Figueira da Foz.


Texto extraído do livro "O Luxemburgo Português" de Hélder Monteiro



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