Os Padeiros de Santana
- Jorge Monteiro
- 24 de jul.
- 2 min de leitura
Na aldeia de Santana a figura do padeiro ocupou durante muitas décadas um lugar de destaque na vida quotidiana da comunidade. Muito mais do que um simples ofício, a arte de fazer pão era um verdadeiro serviço público, essencial à alimentação diária das famílias locais.
Os padeiros trabalhavam, muitas vezes, em horários ingratos, começando as suas jornadas de madrugada, ainda antes do sol nascer, para que o pão chegasse fresco às mesas ao amanhecer. O cheiro característico do pão a cozer nos fornos a lenha era um dos sinais mais marcantes da rotina da aldeia, símbolo de conforto e de continuidade. O pão não era apenas alimento - era parte da cultura, da partilha e da vida comunitária.
Na ausência de grandes supermercados ou cadeias de distribuição, o pão produzido localmente era o único disponível, e o padeiro era uma figura essencial no tecido social. Muitas vezes, fazia a distribuição porta a porta, conhecendo pelo nome cada morador e criando laços de proximidade que iam além da relação comercial. Em épocas de maior dificuldade, como nos tempos de guerra ou de escassez, era também o padeiro quem, com generosidade, procurava garantir que ninguém ficasse sem o básico.
A profissão exigia grande conhecimento técnico e físico: desde a preparação da massa, à fermentação, moldagem e cozedura, tudo era feito de forma manual ou com o auxílio de ferramentas simples. Cada fornada trazia consigo o saber acumulado de gerações, respeitando receitas e práticas tradicionais.
Com o passar do tempo e o avanço da industrialização e da distribuição em larga escala, os fornos tradicionais foram encerrando e a profissão foi perdendo o seu protagonismo. Ainda assim, a memória do padeiro de Santana permanece viva nas histórias da aldeia, como símbolo de trabalho árduo, dedicação e proximidade humana.
A importância dos padeiros em Santana é, assim, inseparável da história e da identidade local. Valorizar esta profissão é reconhecer o papel essencial que desempenhou na construção de uma comunidade mais coesa e solidária, alimentando não só os corpos, mas também os vínculos sociais.
Dina Lopes (comentário na página Santana/Fig.Foz Facebook):
"Sou filha de padeiro e padeira, com muito orgulho, o meu rico pai, conhecido por Zé Vicente e Raquel"
Clara Salvador (comentário na página Santana/Fig.Foz Facebook):
"Eu adorava a broa mimosa da Senhora Ernestina que maravilha!"
Dulce Cunha (comentário na página Santana/Fig.Foz Facebook):
"Eu sou neta de um padeiro cá de Santana o Sr.José Cipriano, que lhe chamavam o Zé Padeiro"
Valentim Cação José Alberto (comentário na página Santana/Fig.Foz Facebook):
"Ainda me lembro deles"
António Manuel GIl (comentário na página Santana/Fig.Foz Facebook):
"Ai que saudades das maravilhosas e saborosas boroas mimosas quentinhas da Ti Ernestina, irmã do Ti Neves, barradas com manteiga do Martins £ Rebelo, as quais eram de comer e chorar por mais !"