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Os Palheiros: Função, Construção e Significado Etnográfico

Em Santana, tal como em toda a região da Gândara, os palheiros constituíam elementos estruturantes da paisagem agrária. Estas construções tradicionais serviam para o armazenamento de forragens, nomeadamente feno, pasto e palha de milho, destinadas à alimentação do gado bovino, caprino e ovino

A sua construção iniciava-se pela fixação vertical de um tronco robusto, geralmente de pinheiro ou eucalipto, cravado profundamente no solo. Em torno deste eixo erguia-se, manualmente, uma estrutura cónica de palha, disposta circularmente por uma dupla de agricultores - o homem, a partir do solo, utilizando um forcado de madeira, e a mulher, no topo, distribuindo e compactando o material vegetal. O palheiro podia alcançar entre quatro e sete metros de altura, sendo concluído com uma camada de ramos verdes de pinheiro que assegurava a impermeabilidade da cobertura.

O processo de desmontagem acompanhava o ciclo alimentar dos animais: a palha era retirada progressivamente pela base, conforme as necessidades diárias, até à sua completa desmontagem. Assim, os palheiros funcionavam como reservatórios sazonais de energia agrícola, essenciais à sustentabilidade das explorações familiares.

Para além da função utilitária, estas construções possuíam relevância simbólica e paisagística. A sua presença retrata o engenho das comunidades agrícolas locais, que, com recursos mínimos, desenvolveram soluções de armazenamento adaptadas ao clima e ao solo desta região.

Com a modernização agrícola e a introdução das silagens e fardos prensados, os palheiros foram progressivamente abandonados. Hoje, apenas subsistem vestígios dispersos, preservados como testemunhos etnográficos de uma economia rural de subsistência que moldou o território durante séculos.



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