Os Sapateiros de Santana
- Jorge Monteiro
- 24 de jul.
- 2 min de leitura
Na pequena e tradicional aldeia de Santana, os sapateiros desempenharam durante décadas um papel fundamental na vida quotidiana da população. Em tempos em que o calçado era um bem precioso e a indústria ainda não massificava a produção, os sapateiros locais eram figuras centrais na dinâmica económica e social da comunidade.
A arte da sapataria, passada muitas vezes de geração em geração, envolvia não apenas a confecção de calçado novo, mas sobretudo o arranjo e a manutenção de sapatos usados - um serviço indispensável para as famílias humildes da região, que valorizavam cada par como parte do seu sustento diário. Os sapateiros de Santana dominavam técnicas minuciosas, desde o corte e moldagem do couro até à aplicação de solas e costuras feitas à mão, com precisão e paciência.
Mais do que simples artesãos, os sapateiros eram também confidentes e figuras respeitadas. As suas oficinas funcionavam como pontos de encontro e de conversa, onde se trocavam novidades e histórias da aldeia. Em muitos casos, o ofício representava uma das poucas alternativas de trabalho autónomo, tornando-se uma forma digna de sustento num meio rural com poucas oportunidades.
Com o avanço da industrialização e a chegada do calçado barato produzido em série, a profissão começou a perder espaço. As oficinas foram-se esvaziando e os sapateiros mais velhos, ao se reformarem, deixaram um legado que dificilmente encontrou continuidade.
Embora a presença ativa dos sapateiros tenha desaparecido, a sua memória persiste como símbolo de um tempo em que o trabalho manual e o saber tradicional moldavam a vida da aldeia.
Preservar a memória destes ofícios é uma forma de honrar o património humano da região e valorizar o saber artesanal que fez parte da identidade local.
Delfina Marques (comentário na página Santana/Fig.Foz Facebook):
"Eu ia sempre ao ti Carolo, arranjar os sapatos"
Ana Cristina Silva (comentário na página Santana/Fig.Foz Facebook):
"O meu avô era sapateiro e ensinou a arte a muitos... Gualdino sapateiro"
António Manuel Gil (comentário na página Santana/Fig.Foz Facebook): "A povoação de Santana, outrora, freguesia do concelho de F.Foz, sempre teve excelentes e exímios sapateiros, entre os quais: João Santana Ferreira, Paulino e Moreira, oriundos da zona de Lamego, e o Carolo e Manecha, como prata da casa. O mais perfeito e também o mais careiro de todos era o João Santana Ferreira, mas o mais divertido e pândego era sem dúvida o saudoso Palaio, mais conhecido pelo Manecha. Lembro-me que o Manecha planeou pregar uma partida a um amigo ferroviário, que vinha todos os dias no comboio que chegava, às 19H00, à estação de Santana-Ferreira. Então, resolveu cravar um rabo de bacalhau, num enorme pedaço de madeira e introduzi-lo com uma…