Santana a Cantar
- Jorge Monteiro
- 11 de set.
- 2 min de leitura
Ao compor "Santana a Cantar", o autor parece deixar-se levar por uma contemplação serena da vida, iniciando a sua poesia com o nascer do sol e o canto do rouxinol — símbolos universais de recomeço, esperança e beleza. O cenário retratado sugere um despertar não apenas da natureza, mas também do espírito humano, como se cada novo dia fosse uma oportunidade de renovação e fé.
A espera pela Primavera, referida logo no início, poderá representar o anseio por tempos mais amenos, por uma fase mais suave e florida da existência. A Primavera, aqui, transcende a estação: torna-se metáfora para a esperança, para a chegada de dias mais leves após o rigor do Inverno — físico ou emocional.
Na segunda estrofe surge a figura do trabalhador — o operário com galhardia — que, mesmo perante as dificuldades, segue firme na sua jornada diária. O autor parece homenagear esse esforço silencioso e constante de quem luta pelo sustento, alimentado pela doce ilusão de dias mais justos. Há aqui um misto de realismo e ternura: o reconhecimento da dureza da vida, mas também da dignidade que reside no trabalho quotidiano.
Ao falar da madrugada e do canto das aves nos salgueirais, o autor reforça a ideia de um mundo que desperta em harmonia com o divino. Os sons da alvorada e a prece ao Senhor elevam o tom do poema para um plano espiritual, revelando um olhar de gratidão e reverência à natureza e à vida.
Por fim, surge Santana — a terra querida ao autor —, descrita com carinho e orgulho. A localidade é pintada como um cenário idílico, onde a alegria e os encantos naturais se fundem com a simplicidade do quotidiano. O poema encerra-se com a imagem de um dia que nasce cheio de promessas, num ciclo contínuo de beleza, luta e fé.


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