Homenagem aos Músicos de Outros Tempos
- Jorge Monteiro
- 23 de mai. de 2019
- 2 min de leitura
Atualizado: 9 de ago.
Nesta evocação prestamos homenagem aos músicos filarmónicos de outros tempos - homens simples, apaixonados pela música, que fizeram das bandas da sua terra uma extensão da alma do povo.
Eram amadores, no sentido mais nobre da palavra: tocavam por amor. Aprendiam com dedicação, muitas vezes sem mestre senão o colega mais velho, e davam o seu tempo livre para ensaios, festas e romarias. Eram serralheiros, agricultores, padeiros, estudantes - mas quando vestiam a farda da banda, tornavam-se embaixadores da cultura e da alegria das suas gentes.
Recebiam pouco - uns escassos escudos simbólicos e, se muito houvesse, as despesas da viagem de comboio. Mas nunca reclamavam. A verdadeira paga vinha do orgulho de tocarem na sua terra e noutras terras, de verem os rostos sorridentes na assistência, de saberem que a sua música fazia parte das memórias felizes de quem os ouvia.
Viajaram, muitas vezes de comboio, com os instrumentos às costas, partilharam refeições modestas, enfrentaram sol, chuva e horas de espera. E, ainda assim, nunca deixaram de subir ao coreto com a mesma entrega, a mesma dignidade, o mesmo brilho no olhar.
Aqui deixamos o excerto de uma Acta da Direção da Sociedade Musical Santanense (datada de 28.02.1926, sendo presidente da direção Guilherme Domingues da Silva), a qual retrata a realidade acima mencionada:
“...(a Direcção da SMS decidiu que) aos sócios executantes fosse pago todo o tempo perdido em serviço da filarmónica, que este fosse à semana no valor em média de 10$00 por dia; mais foi aprovado que os aprendizes já em exercício presentes e vindouros não tenham ordenado algum, enquanto o regente desta filarmónica os não der habilitados a tocar o repertório existente, só tem direito às despesas de transportes de caminho de ferro”.
Acta de 28.02.1926 - Sociedade Musical Santanense

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